A linguagem humana, com sua intrincada teia de significados e sons, não surge do nada, mas se ergue como um degrau luminoso dentro de um um movimento cósmico muito mais antigo e vasto. Ela não é um ponto de partida isolado, uma invenção autônoma que irrompe no vazio; é, antes, uma sofisticada continuação, um eco ressonante de uma pulsão primordial que perpassa toda a existência. Poderíamos concebê-la como a manifestação mais consciente de uma tendência inata do universo em direção à ordem, à diferenciação e à auto-organização. A mente humana, ao tecer palavras e conceitos, não faz mais do que refletir, em sua própria escala e complexidade, essa mesma força organizadora, tornando-a, pela primeira vez, plenamente reflexiva. Através da linguagem, o cosmos não apenas se organiza, mas também começa a se narrar, a se interpretar.